Legal. São cinco e meia da tarde e eu, como bom nerd que sou, conto os nanossegundos para cair fora do trabalho.
Eu mesmo assim poderia deslizar por baixo da mesa, escorregar pelos corredores e fugir pela porta da frente, depois de bater com a cabeça no vidro após um sinal mal-interpretado de vitória. Mas nesse processo eu seria visto por pelo menos três pessoas, além de causar muitas risadas aos outros.
Minha auto-estima não agüentaria.
Mas supondo que eu, por algum motivo miraculoso ou doses exageradamente grandes e circunstanciais de sorte, conseguisse sair do prédio e pudesse não me preocupar com as câmeras de segurança, ainda teria que enfrentar o terrível perigo do portão da frente.
Não que o terreno do trabalho não seja escapável (a regra paranóica número um estipula que “quando começar um novo emprego, defina rotas e saídas de emergência”), o problema é o maldito ponto. Esta ferramenta antiga e moralista, inimiga eterna das pessoas que, assim como eu, não tem nada para fazer numa sexta-feira à tarde (pelo menos, na última meia hora de trabalho).
Não é uma sensação nova. Nas aulas de matemática da quarta-série eu já brincava com meus materiais escolares, inventando jogos como forma de passar as lições chatas e inúteis, apenas para ouvir bronca da professora por não prestar atenção.
Escute bem, sua velha chata: suas aulas eram podres e eu estava muito melhor sem elas. Você também era insuportável e deve dar graças ao seu deus por nunca mais ter cruzado a minha frente.
O primeiro grau era uma fase no espaço-tempo contínuo muito estranha (até porque hoje o espaço-tempo nem é mais tão contínuo assim). Naquela época, homens eram verdadeiros homens, mulheres eram verdadeiras mulheres e as universidades possuíam o monopólio do ensino e do diploma.
Felizmente, tudo isso acabou e eu posso mandar todo mundo à merda via internet. Mas não vou fazer isso.
A merda não merece vocês.
2009/10/02
Considerações sobre espaço, tempo e o trabalho OU procrastinação remunerada (tudo isso ao som de Wander Wildner)
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