2007/01/29

As incríveis aventuras de Osni e a tarja preta

Depois do segundo orkontro oficial da comunidade de Animes e Mangás, que ocorreu no Nestor para comemorar o aniversário do (AH) Sikora (que naquela época não era chamado assim) e da sessão de cinema na casa do Robson, onde assistimos ao neoclássico épico entitulado Final Fantasy VII Advent Children, aconteceu de Mansion-sensei (que também não era chamado assim) e eu acabarmos caindo numa finaleira de churrasco andain. Lá encontramos o Tex (que já era chamado assim na época), a Osni e a Nati, amiga deles. Conversamos por um tempo e o Tex me disse a primeira noticia da noite: "To recomendando teu blog pra todo mundo ler".

Decidimos que eu deixaria o carro em casa para seguirmos todos no Cogumelo. E lá fomos nós, Robson e eu, guiando o Silver Kinder pela Vila Fátima afora, sem ultrapassar 40km/h. Afinal, pra que a pressa se era a Osni dirigindo? E foi exatamente isso que eu disse para o Tex quando contei da nossa velocidade, depois de chegar em casa, deixar o carro e pegar a Espiã2. Então a Osni perguntou:

- Kurtz, como tá o teu humor hoje?

- Tu ouviu a piada que eu acabei de fazer?

Tex e Robson, deitados na calçada de uma noite fria de maio, não seguraram a risada histérica e alucinada que os caracteriza, e nós tivemos que fugir rápido antes que alguém reclamasse. Mais adiante, deixamos o cansado Robson em casa. Enquanto ele abria a porta de casa, Tex diz:

- Tá, ele chegou, vamos embora.

- Não! - respondeu a Osni - Espera ele abanar!

Tex olhou para ela com um olhar repressor e, em tom superior, disse:

- Robson não abana para ninguém!

Nesse meio tempo, da porta do Feudo, Robson abanou.

- D'oh! - Foi a reação do Tex.

Meia quadra adiante, enquanto subíamos a rua em direção à Santa Teresinha, passamos pelo corpo de um animal morto que eu quase havia atropelado quando levei o Leonardo para casa.

- Tex! Tu quase atropelou um bicho morto!

Não custa nada lembrar que o Tex, desde que saímos da casa da dinda dele, abraçava, lambia, acariciava - enfim, se enamorava - de uma garrafa quase vazia de Velho Barreiro. Por essa descrição, já dá pra imaginar o estado dele. E, inspirado pelo seu alterado estado de consciência, freiou repentinamente o carro, engatou a ré e estacionou ao lado do corpo do bicho.

- É um gato - disse - E morreu faz pouco, tá com os pêlos duros ainda.

Após a cena do gato morto, seguimos até a Presidente Vargas e de lá para o Esso Morom. Na esquina da Grazziotin, duas mulheres acompanhadas por um homem caminhavam, provavelmente indo para casa depois de uma noite cansativa em algum lugar da cidade. Se ocorreu ou não uma suruba, nunca poderemos saber, mas a frase que a Osni gritou logo depois certamente desencorajou qualquer jogo sexual (pelo menos de nossa parte):

- Uh, gostosa! - Provocou risos, claro, e decidimos continuar com a brincadeira. Uma quadra adiante, um casal se pegava na esquina.

- O que eu grito? O que eu grito? - Pediu a Osni.

- "Ela só quer te comer!" - respondi.

O que ela gritou me escapa à memória, mas causou indignação no carro:

- Era pra gritar "ela só quer te comer"! - reclamou o Tex.

- Ai, ninguém me avisa!

- Mas eu gritei! - protestei.

- Ah, eu não ouvi...

Seguimos então para o Esso. Chegando lá - e não havendo nenhuma pessoa interessante que merecesse nossa seleta companhia, estacionamos o carro e ficamos conversando. Aí algo chamou a atenção da Osni:

- Douglas, eu vi uma faísca!

- Onde?

- Ali embaixo.

- Que estranho, não deveria acontecer isso. Deixa eu ver.

E, dizendo isso, Tex se abaixou (ou o mais próximo disso) e mexeu nos fios. Um pequeno clarão iluminou aquele canto do carro, acompanhado do som típico de faíscas. Em seguida, um grito:

- Ahhhh! - Era o Tex - Queimei meu dedo, queimei meu dedo!

- Vai no banheiro e molha! - avisei, mas foi em vão:

- Tá frio, eu não vou sair do carro!

- Então coloca o dedo na garrafa do Velho! - sugeriu a Osni, preocupada.

- Tá bom!

Tex pegou a garrafa de Velho Barreiro, abaixou os vidros do carro, colocou os braços para fora, abriu a garrafa e despejou seu conteúdo no dedo.

- AAAAH QUE DOR! - Foi o que todos ouviram, não só no carro como no posto, não só no posto como nos arredores, depois disso.

Tex continuou a reclamar por mais um tempo. Quando terminou, lembrou que tinha uma festa na casa do Rushell (ou seja lá como se escreve), na mesma casa onde, em uma noite quente de janeiro, Tex havia discutido com o Pietro e dado início a uma semana inesquecível na casa do Portela. O carro voou pelas ruas vazias da madrugada até a Sete de Setembro, mas as poucas luzes e o som baixo nos diziam que o que quer que estivesse acontecendo lá não era para ser conhecido por pessoas de fora.

Decidimos então terminar a noite e nos dirigimos para a casa da dinda do Tex, onde este ia dormir. Cortando caminho no meio da Vila Luíza, apareceu diante de nós uma lombada. A grande proporção do desenho da placa que a antecedia me lembrou de uma velha piada contada pelo Zeh, três anos antes. E eu já estava me perdendo naquelas velhas lembranças quando o Tex interrompeu o silêncio do carro com um tom de voz levemente triste:

- Agora eu vou dizer a frase da noite. - disse, enquanto todos aguardavam a conclusão.

- OLHA! UMA TARJA PRETA GRÁVIDA! - interrompi, apontando para a placa.

- Ah, eu ia dizer que ninguém me ama e ninguém me quer, mas essa ganhou!

E assim Tex se deixou em casa, Osni assumiu a direção e pegou um caminho para a minha casa mais demorado possível, me fazendo entender que, houvesse eu escolhido o limite de 20km/h antes, assim mesmo teria chego antes dela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que vc mencionou a fonte!

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