2008/11/01

Contos jvk de halloween: O lendário ladrão de Passo Fundo

Não sou muito de comemorar o halloween, mas como ontem foi dia das Vanessas (em mais de um sentido), não custa nada comentar uma ou outra coisa.

À noite, minha querida irmã, presa em algum lugar no meio de Winsconsin, disse que ia se vestir de fantasma e sair por ai ganhar doces. Não tem muito sentido, mas me ocorre que essa época deve ser muito legal para dentistas. Quote the Marge Simpson: "at least, think of our dentist bills!".

Nossa principal mensagem de halloween, entretanto, não tem nada a ver com a data. Muito se fala – e se falou – sobre o lendário caso do ladrão de carros de Passo Fundo. Aquele mesmo que devolveu o carro porque tinha uma criança dentro. Duas coisas que ninguém pensarou sobre o caso:

Em primeiro lugar, vamos nos pôr na situação do camarada: você acorda de manhã e sai para o trabalho, que é justamente roubar o carro da semana (supomos que, assim como grandes empresas, o crime organizado também deva se basear em um esquema de metas). Ou você simplesmente dá de cara com um carro roubável e aproveita, já que "a ocasião faz o ladrão".

Não importa. Agora você, de posse de algo que não é seu, está dando uma banda pela cidade (se fizer muita barbeiragem, é capaz de ser xingado pela Cami). Você testa o carro. Pensa em que desmanche levar, quanto pode lucrar com isso, detalhes básicos de uma transação comercial, em suma. Então você se lembra de checar se há algum objeto de valor no banco traseiro. O que você encontra, por outro lado, é um maldito pivete.

Pois ali está nosso ladrão, de carro novo e uma mala de poucos anos de vida que só serve para fazer peso. O que fazer? Matar o infante? Não é uma boa opção: você só vai se incomodar mais e mais com a justiça depois. Além disso, matar aleatoriamente é coisa de fracos ou pessoas com poder demais. Nesse caso, não acreditamos que o ladrão – que de bom não tem nada (se tivesse não roubaria) – pensou pedagogicamente ou no bem estar da criança. Pensou foi na própria vida. Retornar o carro – com a cria – é apenas o gesto natural. Ficou sem o dinheiro do roubo, óbvio, mas há outroas peixes no mar.

A prova de que estava impaciente, irritado e contrariado está nesse trecho do diálogo (que encontramos aqui):

- Oi, meu amigo, seguinte, ó. Esse bar aí do lado do Natus, sabe, o Natus na Avenida Brasil? Seguinte, eu vou ser bem sincero pra ti, tá? Eu roubei um carro ali, tá? Agora. E eu peguei o carro e tinha uma criança dentro, cara, e eu não vi, entendeu, não vi. Então o que que eu fiz, eu peguei o carro e botei o carro atrás do Fagundes (o Colégio Estadual Joaquim Fagundes dos Reis, próximo ao local onde o carro foi deixado), tá? Então tu manda uma viatura lá e manda o fodido do pai dele pegar ele e levar pra casa. Uma criança, um piázinho, tá?

Há outra hipótese, claro. Mas essa é bem mais especulativa que a primeira. O ladrão realmente tinha um bom coração. Não nasceu com ele, mas o adquiriu depois de outro caso inusitado que com ele aconteceu no ano passado. E esse pelo menos é real:

Aconteceu em uma noite na qual uma jovem, cujo nome não podemos revelar mas chamaremos carinhosamente de Helena, saia do Bokinha (que na época existia) após uma sessão nada boa de lavação de roupa, encontros com exes ou, pelo menos incomodações com terceiros.

Descendo a Capitão Eleutério, em direção a seu apartamento, Helena é interceptada, em frente ao ginásio do Conceição (lugar do mal), por um homem que a aborda com uma arma em mãos.

- Passa a bolsa, diz ele. Helena, emocionalmente instável, joga a bolsa para cima do homem.

- Leva a minha bolsa! Aproveita! Dentro tem celular, mp3, dinheiro! Pode levar! Mas me mata!

O homem se confunde. Faz uma cara de "WTF!?!?!". Helena se ajoelha, segura a arma com as duas mãos, leva-a até a testa.

- Me mata! A guria que eu amo não me quer! Pode me matar que eu não me importo mais com nada!

O ladrão afasta a arma:

- Tu tá assim por causa de uma guria?

Helena aquiesce. Lágrimas rolam por seus vermelhos olhos, em contraste com o loiro dos cabelos. O ladrão se irrita:

- Vai se tratar, guria! – e dito isso, vai embora. Helena permanece alguns minutos parada, até cair a ficha (todo mundo que passa por situações extremas sente vontade de parar na rua e ficar olhando para o nada. Só não me perguntem o porquê). Uma viatura passa. Em prantos, Helena conta a eles o que aconteceu e eles a levam para casa.

Nunca soubemos – por motivos óbvios – o que aconteceu com o ladrão. Talvez ele também tenha chego em casa e deitado na cama. Insone, olhava para o teto e pensava no encontro. Não conseguiu dinheiro, celular, mp3. Mas aprendeu uma lição. Aprendeu a importância da vida. Meses depois, roubaria um carro, encontraria uma criança no banco de trás e a devolveria aos pais. Não ia se redimir, mas voltou para casa certo de que fez a coisa certa.

Claro, são apenas suposições, mas ninguém pode afirmar que estão erradas, ou mesmo corretas. Que o debate comece.

(João Vicente Kurtz tem fortes motivos para acreditar que a criança no carro era o Jonhy)

5 comentários:

Robson Rotten disse...

Eu teria atirado. Imoral é passar fome.

Anônimo disse...

Está aberta a sessão de risadas? AHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuHAHAUHUAHuaHAUhUAhuAHUAHUAhaUhauhauahuahuahauhauahuaHUHAuHAuhUHAauHUAHUAHUhUHAuaHuHAuhUAhUAHuHAuhUHAuH


*quem saber o contexto da historia transcrita e das últimas aventuras que passei com jvk e tene entenderá a graça...

Cami disse...

Velhinha, playboy, agroboy, pitboy, tiozão, mala, gatinha, feioza, ladrão........

deu uma de cuzão no trânsito, eu xingo mesmo!!!

rsrsrsrsrsrs

Valeu a referência. MWA
Bjs

Jana Lauxen disse...

Rárárá.
Te achei no brog da Cami e resolvi dar uma passadinha aqui e, já que estou aqui, decidi aproveitar e deixar minha opinião:
Se até os brutos amam, porque os ladrões de carros passofundenses não podem ter um bom coração?

Ficadica para a reflexão.
Hahaha.

Abraços
:)

jvk disse...

Jana

Oficialmente, nós acreditamos que se o ladrão tivesse bom coração, não estaria roubando em primeiro lugar.

Tudo bem que ele podia estar roubando por comida. Mas ai roubaria comida, não um carro.

E, se estivéssemos falando de roubo de ferro de passar roupa, apostaria que o cara é o Senhor Furtado.

Fora esses detalhes, seja bem vinda a este espaço de reflexão! Sua opinião conta muito para nós!

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