Acabo de fazer uma visita a um dos pátios aqui de casa. Fiquei por lá menos de 30 segundos, o que me foi suficiente para perceber o calor que está lá fora. Não saber o clima é uma das desvantagens de morar em uma casa com temperatura fixa.
A vantagem, claro, é que dentro é sempre fresco (ui). Isso graças ao grande visionário que era meu avô, que construiu essa casa com paredes grossas e outras técnicas absurdas de construção, cuja natureza eu nem penso em contemplar, mas que deixam um gordo nerd recluso como eu a vontade em quase qualquer época do ano.
Considerando que quem constriu essa casa foi meu tio, o parágrafo acima faz pouco sentido. A construção, mesmo assim, guarda um passado negro: foi, nos anos 60 ou 70 (não sei), um local de torturas (consultório de dentista). O que não isenta a responsabilidade do grande visionário (e repito isso propositalmente) que foi meu avô. Ele faleceu no início do século (2001 ou 2002, esse tipo de data me escapa), o que não o impediu de causar a morte de uma ou duas pessoas alguns anos depois (sério!). Mas essa é uma história para outra hora. A lição que fica é que meu lado sanguinário vem de família. E nenhum homem, em sua calma e tranquilidade sem igual, era mais assustador que meu avô.
O legado dele, já frisei, foi esta casa. Construída, estranhamente, pelo meu tio. O único homem que conhecia os complexos segredos do emaranhado de fios e da tubulação. A arte secreta foi transmitida, pouco antes de sua morte, ao meu pai.
E até hoje, quando alguém precisa subir até o sótão com objetívos eletricistícos, é ele que, mesmo morando fora, se obriga a vir aqui e guiar a pessoa pelo complexo acima das nossas cabeças. Meu pai não me transmitiu os segredos da casa. Possívelmente porque eu pouco me interesso: prefiro aprender o lendário segredo do pudim da vó.
Claro que isso são só e somente conhecimentos tecnicos. Segredos e verdades ocultas, posso garantir que sei mais que meu pai. Afinal, ao contrário dele, já utilizei a casa para coisas mais assustadoras que a mera mente humana pode contemplar (que exagero!). Só para citar: uma vez até um ritual de invocação foi feito aqui. E não me refiro ao demônio sarcástico: aquele trouxe muitos outros problemas.
Certa feita, como bem poderá lembrar o Portela, até uma vela foi acendida. Mas a maior de todas, que também envolve o Portela, foi uma noite em que nadamos às escuras (a Nati sabe bem o porquê). E como (quase) tudo o que aconteceu envolve o Senhor do Metal, também há a história do maiô. Mas essa já é de domínio público.
E teve uma vez, no final de 2001, em uma janta de despedida, onde um colega proferiu as seguintes palavras de desespero:
Zeh: Socorro, estou preso no canil!
Minha casa não tem áreas secretas como a do Robson, muito menos a mesma quantidade de banheiros (perde por um). Mas já aconteceu bastante coisa por aqui. Considerando que a minha irmã também fez muita festa por aqui, prefiro parar de pensar no assunto.
Mas por mais que meu pai, minha irmã e eu saibamos coisas, ninguém, repito, ninguém explorou mais o terreno que nossos cachorros. Se tem alguém que anda por aqui de olhos fechados, é a Gaby.
(João Vicente Kurtz acredita do fundo do coração que a Gaby, suprema matriarca da casa, será a próxima receptáculo dos segredos da construção. E ela vai enterrar todos nós – alguns, literalmente)
2008/10/28
Lar, doce lar
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7 comentários:
Quando eu digo que essa se tornou minha segunda casa, tem gente que ainda tem a coragem de perguntar pq...
Considerando que tu não participou em NENHUM dos eventos descritos aqui, também me pergunto o porquê dessa afirmação.
E não que tenha acontecido, mas qualquer comentário difamatório, calunioso ou que atente à honra da Gaby será punido com pena de morte por Xari.
(jvk acabou de comer pudim)
A Gaby (a super-matriarca, não as outras)é realmente muito foda. Ninguém teria a audácia de falar mal dela. Já a Afra é outra história...
Aonde ocorrem as melhores festas sempre???? Aonde q muitas coisas começaram e acabaram??????
Sempre ae!!!!!!!!!
E eu que acahava que o Castelo de Frankeintein era só uma lenda.
Ui que medo!!!
Castelo do Frankenstein é a casa do Nunes, que é especialista em self-horror.
Aqui tá mais pra Ilha da Fantasia (sexual)
Vicentinho!!!
Por acaso as paredes da tua casa ainda ficam chamando com voz de criança "ELEEOOONOOOR" ???
hehehe... MEDO!
na verdade, como nós meio que paramos de usar a parte dos fundos para economizar luz, as paredes agora gritam "oba, companhia!" toda vez que alguém por lá passa. E não era "Eleonor", era "Abigail"
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