2008/07/11

Von Juntz (parte I)

(texto publicado n'Os Armênios em 28/06/2008)

Baseado na obra A herança do divino, do escritor Leonardo Nunes Nunes. Que Deus queira bem sua alma, caro amigo, pois Cthulhu não a querá!

Parte um

“Wenn haben sie zeit vergeudet mit diese, ist weil sie haben keine mehr zu machen”
Texto contido na introdução do original em alemão do livro Unnaussprechlichen Kulten, de Von Juntz


Caro Professor Zehvonsik

Escrevo-lhe esta carta com o intuito de relatar-lhe minhas experiências com o sobrenatural, que como deve saber, é minha área de pesquisa preferida, visto que comecei a estudá-la ainda muito jovem, como relato abaixo para que leia.

O verdadeiro motivo pelo qual esta área em específico chamou-me a atenção é um nome que o senhor, professor Zehvonsik, já deve há muito conhecer ou, pelo menos, ter ouvido falar; e esta pessoa que me refiro é o pesquisador do oculto Von Juntz, cuja primeira aparição no cenário oculto se deu há mais de dez anos, quando revelou ao mundo sua pesquisa em rituais satânicos e seitas iluministas do século VIII, o que lhe rendeu o ostracismo de seus colegas de trabalho, aos quais na época eu não fazia parte.

O que quero lhe contar, meu caro e íntimo amigo, é toda a minha relação com Von Juntz, para que possas terminar com a maldição que ele me rogou, pois eu já estou reduzido a cinzas do que era antes de conhecer Elise, o motivo verdadeiro de minha corrupção.

Meu primeiro encontro com Von Juntz não foi a nível pessoal. Ele estava na televisão, em um show, onde fazia o lançamento de seu novo livro, cujo título, Unnaussprechlichen Kulten, me chamou atenção por falar de demônios ancestrais cujos nomes só eram conhecidos em línguas ocultas criadas por sociedades secretas. Por ironia, é deste livro que tiro a citação que abre esta carta, pois acredito que ela explica melhor tudo aquilo que quero que o senhor saiba.

Eu tinha na época quinze anos. Fui no outro dia na biblioteca, onde achei a obra de Von Juntz na seção dedicada ao oculto, que ficava no segundo andar, dobrando três corredores. As pessoas que se dirigiam a essa parte da biblioteca geralmente eram mais sombrias que as outras, exalando de seus corpos hálitos horríveis de pessoas que carregam segredos. Estranhamente, poucas vinham daquela seção, e sim da que ficava ao lado, um corredor onde eu nunca havia entrado, que ostentava uma exuberante coleção que pertencia a um assunto com a letra P.

Sentei-me em uma das mesas do primeiro andar, tendo em meus braços o livro de Von Juntz. Abrí-o e iniciei a leitura vorazmente. O livro trazia documentos e provas da existência dos cultos antigos, e o que mais me chamou a atenção era a seita intitulada Lesbos Henxinos, composta apenas de mulheres que sacrificavam vacas a um deus antigo na esperança de se tornarem gafanhotos, animais que, para elas, trariam a purificação para o mundo.

Terminei a leitura não por vontade, mas por obrigação, pois o livro negro me tomara tanto tempo que quando percebi, já anoitecera, e a biblioteca estava fechando. Enquanto devolvia o Unnaussprechlichen Kulten à sua prateleira, vi cair do meio de suas páginas uma folha avulsa...

(continua...)

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