(Música recomendada para leitura: Led Zeppelin, a do título)
É tarde de segunda-feira, a contagem do relógio me aproxima dos dias mais turbulentos da semana (a saber, das 19h de segunda-feira até o meio-dia de quarta). Me levanto, sentindo os horrores de uma dor-de-cabeça tripla (que nem o mais bravo dos remédios conseguiu curar), provavelmente o resultado de um fim-de-semana mal dormido. Vou ao banheiro e preparo um banho.
Ouço vozes das crianças brincando na creche ao lado, um lugar que um dia chamei de lar (e que era bem mais interessante que o atual, diga-se de passagem). Da janela do box, pode-se ver além dos muros da casa, um escorregador. Penso comigo: quem é o sádico que colocou um escorregador para crianças em frente a uma janela de banheiro? Mais de uma vez me peguei sendo observado por crianças aleatórias, me obrigando a espantá-las com um olhar maligno. Se carma realmente existir, essa pessoa vai morrer de forma horrível. Sempre dá certo.
O som das vozes das crianças permite entender um pouco o que está acontecendo do lado de lá. Ainda mais porque, 20 anos atrás, eu próprio fazia as mesmas coisa, no mesmo local. A tia da creche (na falta de outro nome) surge da porta que, na minha época, era uma lavanderia. Ela trás consigo uma caixa de brinquedos e a coloca no chão. As crianças se aproximam. Uma delas tenta arrancar o brinquedo de outro, mas é repreendida pela tia:
- Esse é dele! Pega outro!
Nova correria. Fico imaginando como seriam os churrascos com os amigos, as noites de videogame, cartas e detetive. Não teria piscina, isso é certo, mas seria algo ruim? O lugar onde ela ocupa antigamente era um pomar assustador, controlado pela minha vó e com uma árvore de frutinhas gostosas, cujo nome não lembro. Ela ficava na borda da piscina e foi com muito pesar que a assisti sendo derrubada quando a casa foi reformada. Juro que tentei convencer meu pai a mantê-la. Hoje confesso que era uma idéia absurda, mas ainda assim interessante. Quero minha árvore de volta.
- Sai daí que o sol tá quente! - gritou a tia da creche.
Eu, que no momento voltava do outro banheiro com a toalha, só tive tempo de pensar o clássico "what the fuck" e entrei no banho. Pouco tempo depois, o que restava de água quente se esvaiu, me obrigando a sair. Inconscientemente – conscientemente também, merda –, eu culpava a tia pelo ocorrido. Se eu fosse uma criança da creche, certamente responderia a ela. Só não consegui decidir entre qual resposta dar, embora estivesse inclinado para o "ainda bem! Se estivesse frio eu nem tinha saído de casa". Achei mais humilhante que a resposta científica: "tia, cientistas provaram que em milhões de anos o sol vai ficar ainda mais quente e expandir, comendo tudo a sua volta". Ela não ia entender mesmo...
P.S. Na tentativa de encontrar uma foto para ilustrar essa passagem, revirei meus álbuns de infância. Fica ai a dica: se você puder, não faça isso. É assustador.
2008/08/25
Good times, bad times
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3 comentários:
Que fofoooo..
Tmbém quero a árvore do Kurtz de volta....
petição para conseguir a árvore do João de volta!
;)
Se o número de pessoas pedindo isso aumentar, serei obrigado a tomar uma atitude
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