2007/08/01

Sobre jornalismo fictício, meios de comunicação de massa e os pés no cadafalso

Para usar um termo que não é meu, essa naba conhecida como Meu Blog Bobo surgiu com uma inspiração freudiana. Não quero dizer que o blog seria o meu Interpretação de sonhos em termos de qualidade, porém a função era praticamente a mesma. Embora os textos originais estejam em backup em algum lugar da Tensei (que nem eu lembro onde é para evitar ficar relendo), foi uma decisão um tanto mais sensata apagar aqueles escritos de um jovem letreiro revoltado com a vida. Pode não parecer, mas eu também tive meu passado alternativo. Fuja Mergen.

Com o tempo, a experiência e a técnica jornalística, a qualidade, o foco e a linha editorial foram se aprimorando. Digo, isso aqui não é nenhum Cocadaboa, mas serviu ao seu propósito. Para citar o professor Tiburski, o ápice deste espaço se deu no segundo semestre de 2005, quando aqui foi publicada a história de canibalismo. Todos os dias, às 21h, 9 pessoas liam o capítulo novo de um conto assassino. Foi nosso recorde de público. A história, alias, foi removida para uma releitura. Embora os avanços tenham se desacelerado devido ao meu tempo de trabalho no O Nacional (e à morte da Inquisition) - além de necessitar de um estado de espírito que o Robson chama de “espírito de porco FULL CHARGE” -, o texto de Canibal EX está com o segundo capítulo quase terminado e conta com 36.500 toques. Uou.

É nesse ponto que convém lembrar um momento interessante que começou em algum momento do carnaval de 2006, com a seguinte frase:

Tex: Kurtz, teu blog tá no meu orkut, tu tem que atualizar mais seguido.

Admito que as palavras não foram bem essas, mas a intenção foi a mesma (filtrando a intenção assassina). Baseado neste gesto, que tocou profundamente o meu coração, nada fiz.

Essa experiência serve para introduzir (gostoso) o assunto principal de toda essa enrolação: não esperem um aumento significativo de conteúdo. Os motivos para isso ha futatsu: em primeiro lugar porque a prioridade agora é a faculdade, que deve tomar todo tempo, paciência e freecell que puder de mim. A outra razão são projetos paralelos que estão em andamento, mas que provavelmente serão abandonados neste mês, já que um certo jornalista, cujo nome ele prefere manter em sigilo, recebeu uma oferta de emprego com remuneração generosa em Porto Alegre e para lá deve se dirigir no final de agosto, justo agora que íamos aberrentar a boca do balão. É mais um dos motivos pelos quais eu quero me formar logo.


A badalhoca
Já essa história de "pés no cadafalso" - citando outro professor da FAC - começou em uma das sessões diárias de Crítica de Mídia, lá na Confraria do Café. Curiosamente, tenho a informação de que o professor a quem me refiro comeu macarrão na hora do jantar. Só falta confirmar.

Era perto das 17h quando o celular tocou. Do outro lado da linha uma voz cavernosa pediu um milhão. Mentira. O papo foi mais ou menos assim:

Dani Bit: Me passa o endereço do blog.

Eu passei, sem saber o que ia acontecer depois. Foi só transcorridos alguns dias é que o sr. Bittencourt me explicou o porquê da pergunta inusitada. Mesmo em meio a protestos e reclamações, era tarde: a edição de número 18 Cadafalso já estava fechada.

Foi só no primeiro de agosto que meti minhas mãos em um exemplar. A publicação do conto, que merece uma nota específica, já era dada como certa, mas eu queria realmente me certificar que a merda não havia sido feita, mas era tarde demais.

É importante ressaltar que o Cadafalso errou e um e-mail indignado contendo palavrões estupendos será mandado para o veículo com base nos pontos que serão discutidos a seguir. Para começar, o nome do blog foi escrito de forma equivocada. Este espaço não tem a cara de bolacha, ele só estava com a cara de bolacha. Assim como já usou nariz de palhaço e como está atualmente com os pés no cadafalso. O Meu Blog Bobo continua por aí e feliz, desde 2003 fazendo um grupo seleto de pessoas rirem um pouco.

O segundo ponto é sobre essa história de jornalismo fictício. Em nenhum momento fizemos isso. O que acontece, e que deve ser ressaltado, é que muitos textos aqui presentes são escritos com a técnica jornalística. Existe uma diferença conceitual envolvida e ela deve ser respeitada. A história de coluna social, diga-se de passagem, é uma hipérbole do sr. Bittencourt, que encontrou nessa idéia uma forma de vender o meu peixe. Claro, muito antes dos olhos do jornalista da nova geração se encontrarem com as palavras aqui profanadas, um certo Tiburski já rolava de rir deles na aula de Redação III.


Banquete
Outra discussão que quero por em pauta é a questão desse veículo ter se tornado, em teoria, um MCM. Na verdade esse parágrafo só foi escrito porque pensei numa piada, mas tudo bem. Uma das características dos meios de massa – e dos meios de comunicação em geral - é a mensagem ser adaptada ao público a que se destina. No caso dos MCM, a mensagem tende a ser menos pessoal, pois necessita atingir públicos variados. É um exemplo da teoria hipodérmica.

Depois de toda (mais) essa enrolação, a informação principal: esse blog não é um meio de comunicação de massa. Tudo o que foi escrito aqui se destina a um público específico, composto de não mais de 10 pessoas que adicionaram essa url em suas listas de RSS. Nunca tivemos a intenção (nem a previsão) de um dia nos lançarmos ao, por assim dizer, público externo, mas aconteceu. Antes de uma mídia de massa, esse blog é uma mídia de arroz, ou seja, só acompanha.

Fica aqui o lembrete: muitos dos textos aqui se apóiam em fatos, referências e conhecimentos do nosso público-alvo, o que chamamos de piada interna. No meio desse texto, por exemplo, existem pelo menos dois ou três sub-textos escondidos, com referências que somente pessoas específicas poderiam compreender (diabolical laughter). Existem até algumas informações por aqui que não poderiam vazar de jeito nenhum, mas ninguém vai saber quais são.


O futuro
Já que a badalhoca está lá, agora é sentar e aproveitar. É cedo para dizer quais serão as alterações editoriais pelas quais esse blog vai passar – se é que haverá alguma. Nossa única esperança é que diretores executivos de empresas de comunicação se interessem e considerem a hipótese de me contratar depois de formado. Amém.


P.S.: Adiantando um tanto a repercussão desse texto, já posso ver a cara estupefata de Daniel Bittencourt ao perceber um texto 6.416 de toques escritos em cima de uma nota de duas linhas.


P.S. 2: Devido a revisão, esse texto tem mais de 6.416 toques, mas não vou me dar ao luxo de contar de novo.

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