2007/05/14

Nos tempos do Portela amarelo, antes do café ser perfeito

Essa é uma história de um tempo em que homens eram verdadeiros homens, mulheres eram verdadeiras mulheres e pequenas criaturas verdes de Alpha Centaury eram verdadeiras pequenas criaturas verdes de Alpha Centaury. Estamos nos tempos do Grande Império, uma era de grandes aventuras e pessoas corajosas. Ninguém era pobre neste período, pelo menos ninguém que importasse.

É assim que Douglas Addams introduz a ação em um dos livros da série Guia do mochileiro das galáxias. Quando o autor inglês remete a tempos antigos, onde as coisas eram melhores, ele não está falando apenas por si, já que todos temos essa era saudosista na memória.

Não é uma apologia ao Grande Império, queremos lembrar de tempos ainda mais recentes. Nos nossos grandes tempos, rappers eram real rappers, ops eram real ops e clanzinhos infantis de irc brigavam para ganhar reputação em um ambiente que só existia nas suas cabecinhas vazias. Algo como um protótipo de Second Life, onde a única representação gráfica era um emoticon colorido. Nesse ambiente, pós-moderno por natureza, havia somente uma certeza: metaleiros sempre seriam metaleiros. Um dia, nossa certeza se foi.

Essa é a fase que conhecemos como Coffee Tour: a busca do café perfeito. Nossa procura nos levou a diversas cafeterias cidade afora, provando expressos e mais expressos, cappucinos ou qualquer coisa que tivesse cafeína. Uma tarde, nos juntamos e fomos ao encontro do Portela, nosso metaleiro de plantão. Ele nos esperava na esquina do Bella Cittá, mas não sabíamos qual. Giramos e giramos em busca daquele cabeludo, vestido com camiseta preta de banda. Uns dez minutos de procura e o encontramos.

Era uma quebra de paradigma. Portela estava parado na frente da Pompéia, as mãos no bolso, óculos escuros no rosto e uma berrante camisa polo amarela. A vida nunca mais seria a mesma depois daquele dia. Havia caído nosso símbolo de resistência àquelas transformações da vida adulta, que se impunham diante de jovens inconseqüentes que mal haviam aprendido a dirigir.

No Clube dos anjos, Veríssimo usou uma frase que cai como uma luva para descrever o impacto emocional que sofremos: "Senhores, chorei, pois agora tudo o que nos resta é o declínio", ou algo assim. Era uma profecia para tempos piores. A busca do café perfeito terminou em algumas semanas e foi bem sucedida, apesar dessa vitória aparecer em condições um tanto, digamos, decepcionantes. Mas essa já é outra história.

Um comentário:

Anônimo disse...

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