2005/10/22

Metamorfoses da Cultura Contemporânea - dia 2

O segundo dia do seminário foi lindo. O convidado especal foi Gianni Vattimo, filósofo e ex-deputado bem humorado do parlamento europeu, além de homossexual assumido (segundo a Wikipedia), católico fervoroso anti-papal e com características levemente antoniofafundeanas (não chegava a parecer com o Seu Osmar por falta de barriga, mas tava quase lá). Repetindo, o senso de humor de Vattimo é sensacional: o cara fez piadinha com tudo, até com o Internacional. O discurso dele foi interessante, girando em torno da frase "acreditar em acreditar" (lembra um pouco Habermas, com seu "aprender a aprender".

O bom humor, ressaltando, foi a característica da noite. Carlos Roberto Cirne-Lima, debatente seguinte, começou se desculpando ao auditório. Não era sua intenção, mas não podia deixar de discordar do antecessor. Pediu que todos entendessem que estavam justamente para exibir pontos de vista diferentes. O italiano, para variar, riu. Cirne-Lima falou sobre Deus. E falou sobre Nietzsche. E discursou sobre o Deus de Nietzsche, aquele que foi substituído pelo que a Letchi matou. Juntou sua narrativa ao "acreditar em acreditar" de Vattimo, explicando as transformações culturais e semânticas de Deus e das várias visões dele ao longo da história da Igreja Católica, para quem ele é uma entidade única e indissolúvel. A chave de ouro do teologo brasileiro foi suas experiências como estudante de teologia na Itália, onde acabou se envolvendo no segundo Concílio do Vaticano. Em uma roda com outros bispos, foi acusado por ninguém menos que o ex-cardeal, atual papa e futuro imperador Joseph Ratzinger de panteísta. Em resposta, apontou o dedo em seu nariz e disse "Tu, Ratzinger, não és cristão. Não és nem panteísta. Tu és pior que isso. És judeu!". O povo aplaudiu.

A noite acabou com o ocupante da cadeira 13 da Academia Brasileira de Letras, Sérgio Paulo Rouanet. Sua intervenção, "As duas modernidades", não deixou nada a priori válido para comentar. O próprio Rouanet, diplomata, colunista do Jornal do Brasil e ensaísta, não tem muita presença de palco, algo que sobra no Xíbéz.

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